Pesquisas
Presença Negra na Produção da Cidade
Coordenação: Gabriela Leandro Pereira
Territórios populares: reestruturação territorial, desigualdades e resistências nas metrópoles brasileiras
Coordenação: Glória Cecília Figueiredo
Professores Colaboradores: Ana Fernandes (UFBA), Ângela Franco (UFBA), Gabriela Leandro Pereira (UFBA), Doutorando: Daniel Caribé (UFBA)
Resumo:
O Projeto “Territórios populares: Reestruturação territorial, desigualdades e resistências nas metrópoles brasileiras” busca compreender as formas de desigualdade socioterritorial em metrópoles brasileiras, engendradas por processos de reestruturação territorial em curso, que incidem tanto em áreas periféricas, como em áreas centrais, provocando deslocamentos de populações, alterações de modos de vida e formas de sobrevivência. Esse Projeto de Pesquisa se desenvolve em rede, envolvendo diferentes universidades e pesquisadores do país, sendo coordenado pelo Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LAICIDADE) da USP e do qual o Grupo de Pesquisa Lugar Comum Faculdade de Arquitetura da UFBA participa com uma equipe local em Salvador.
Observatório de produção Imobiliária
BOLSA PIBIT
Coordenação: Glória Cecília dos Santos Figueiredo
Resumo:
Propomos a criação do Observatório da Produção Imobiliária de Salvador, articulando, em uma plataforma digital colaborativa na internet, um conjunto de informações, infográficos, cartografias e análises sobre o universo da produção imobiliária de Salvador, licenciada pela Prefeitura Municipal.
Observatório de Bairros em Salvador - Fase II
EDITAL PROPCI/UFBA 02/2017 PIBIC-AF - Projeto nº 12951
Coordenação: Glória Cecília dos Santos Figueiredo (FAUFBA)
Bolsista: Felipe de Andrade Fonseca (IHAC UFBA)
Resumo:
Este projeto de pesquisa busca dar continuidade à constituição do Observatórios de Bairros em Salvador, avançando para a criação de uma plataforma digital na internet, cuja concepção responda as necessidades e demandas dos habitantes da cidade por informações e conhecimento sobre os bairros de Salvador. A proposta original enfatizava as dimensões socioeconômica e demográfica, da produção imobiliária bem como sobre aspectos da estruturação territorial, tendo em vista um processo de apreensão e de construção de conhecimentos sobre os bairros estudados. Na segunda fase da pesquisa, atinente a proposta ora apresentada, pretendemos desenhar a concepção e efetivamente criar a plataforma digital, em página da internet, do Observatório de Bairros, aportando no mesmo os subsídios já elaborados e os novos, a serem gerados nesta etapa. Nesse sentido destacamos a possibilidade de incluir na plataforma informações básicas do conjunto de bairros de Salvador, sintetizadas a partir do aplicativo Azimute da SEI, bem como subsidiadas por trabalhos pertinentes do Grupo de Pesquisa Lugar Comum. Além destas fontes secundárias, terão relevo, na concepção e desenho do Observatório e de sua plataforma, a consideração das questões colocadas pelos habitantes dos bairros estudados, nas aproximações a serem feitas através de práticas de campo. A continuidade do projeto, nos termos aqui esboçados, reafirma as referências e definições gerais da proposta inicial.
Observatório de Bairros em Salvador
EDITAL PROPCI/UFBA 02/2016-PIBIC- AF - Projeto nº 10565
Coordenação: Glória Cecília dos Santos Figueiredo (FAUFBA)
Bolsistas: Felipe de Andrade Fonseca (IHAC UFBA), Priscila Monique da Silva Santos (FAUFBA)
Resumo:
Constituir o Observatório de Bairros em Salvador pela articulação de projetos de pesquisa convergentes e uma plataforma de dados e indicadores sobre temas relevantes referentes aos bairros de Salvador. A presente proposta pretende então lançar bases para a construção de um observatório de bairros em Salvador, iniciando pelo estudo dos bairros de Alto do Cabrito (no Subúrbio Ferroviário), Barbalho (Centro Antigo) e Caminho das Árvores (Iguatemi). Entendemos que a sistematização de informações, a elaboração de reflexões sobre os processos em curso, suas potencialidades, conflitos e limites, fomentará possibilidades de compreensão crítica dos mesmos, alimentando políticas públicas e a ação cidadã, além de promover avanços e atualizações para a pesquisa e o ensino no campo do Urbanismo e do Planejamento Urbano e Regional. O projeto visa à construção de uma plataforma que congregue dados e indicadores sobre temas relevantes referentes à escala do bairro, tendo como recorte empírico inicial a cidade de Salvador. Busca-se assim contribuir para a sistematização e acesso a informações que possibilitem a problematização da escala da vida cotidiana, bem como analisar e compreender como a escala do bairro vem sendo problematizada no processo de construção e de ampliação do direito à cidade nas metrópoles brasileiras, com especial atenção para o lugar que ele ocupa no conjunto de formulações do planejamento para a construção da cidade brasileira..
A produção imobiliária de Salvador: condições, agentes, conflitos e desafios para o direito à cidade
Edital PROAE 01/2016 - Programa Permanecer - Projeto nº 9377
Coordenação: Glória Cecília dos Santos Figueiredo (FAUFBA)
Bolsistas: Ana Clara Reis (FAUFBA), Samir Santos (FAUFBA)
Resumo:
A proposta de projeto de pesquisa "A produção imobiliária de Salvador: condições, agentes, conflitos e desafios para o direito à cidade” pretende abordar processos contemporâneos de urbanização, incidentes na cidade de Salvador, focalizando-se tendências atuais de uso e ocupação do espaço da produção imobiliária licenciada pelo município de Salvador. O trabalho parte das pesquisas da orientadora, desenvolvidas durante o mestrado e o doutorado, atualizando-as através da ênfase na relação entre a produção imobiliária os desafios para o direito à cidade. Destacamos a grande ampliação da produção imobiliária vivenciada, sobretudo a partir 2005, nas bases de uma nova Política Nacional de Habitação (PNH). Relacionado aos desdobramentos territoriais da implementação da PNH, notamos uma hegemonia das empresas imobiliárias na produção imobiliária formalizada da cidade de Salvador. Neste contexto, instauram-se processos de formação de renda imobiliária, dada a tendência de concentração do poder de decisão de localização na malha urbanizada da cidade, conferida aos promotores imobiliários privados. Isso delineia uma tendência de intensificação da privatização do espaço urbano, vinculadas a processos de urbanização excludentes, marcados por desigualdades, segregação e fragmentação. Assim, a natureza corporativa da urbanização brasileira, já apontada por Milton Santos desde 1993, parece se consolidar como tendência dominante, numa escala sem precedentes. No entanto, a situação de hegemonia das empresas imobiliárias, podem ser lida como resultante de articulações contingentes. (LACLAU, 1996). Como as tendências de uso e ocupação do espaço não existem a priori, já que resultam da produção social e histórica do espaço, as mesmas são sujeitas a transformações (LEFEBVRE, 2008, SANTOS 2008, MASSEY, 2008). Diante disto, propomos nesta pesquisa, uma problematização das condições de realização da produção imobiliária, de modo a apontar para novas articulações que coloquem possibilidades de constituir outras estórias, capazes de ampliar a criação de espaços, territórios e territorializações de justiça social e direito à cidade.
Tramas de Transferências de Imóveis em Salvador: A Construção Social do Valor da Cidade
PROGRAMA DE APOIO A JOVENS PROFESSORES DOUTORES - PROPESQ
Coordenação: Glória Cecília dos Santos Figueiredo (FAUFBA)
Professores colaboradores: Ana Fernandes (FAUFBA), Rosana de Freitas Boullosa (EAUFBA),
Laila Nazem Mourad (UCSAL), Luiz Antônio de Souza (UNEB)
Pesquisadora colaboradora: Thais de Miranda Rebouças (PPG AU UFBA)
Bolsista: João Pedro Noronha Ritter (CISO UFBA)
Resumo:
A pesquisa proposta pretende dar continuidade e aprofundar o objeto da nossa tese de doutorado, atinente às transferências de imóveis da cidade de Salvador, relativas a mudanças da titularidade do domínio imobiliário, através de transações de compra e venda. Os processos urbanos em torno das transferências de imóveis da cidade de Salvador estão inseridos num contexto de hegemonia do Planejamento Estratégico no ideário e na prática urbanística das cidades latino-americanas. A ideia de transferências de imóveis relaciona a sua constituição a partir da mudança da titularidade do domínio imobiliário, com implicações na (re)estruturação da partilha da propriedade na sociedade. O tema da construção social do valor da cidade permeia a abordagem proposta, a partir da articulação de três questões chaves. A primeira é o reconhecimento do trabalho como força criadora de valor. No entanto, apesar deste caráter incontornável do trabalho, existem valores de outras naturezas. A segunda questão refere-se a aspectos definidores de valor que não se limitam ou se reduzem ao trabalho. A atribuição de valor perpassa e é também condicionada por relações de poder simbólico e suas assimetrias; pela noção habitus; pela construção de imaginários e convenções; pelas especificidades e complexidade dos valores urbanos; ou por implicações da divisão econômica e social do espaço e da divisão territorial do trabalho, notadamente em termos de inserção e localização. A terceira questão trata da ação urbana, compreendida como síntese social da cidade e dos seus valores. A renda imobiliária é problematizada em função de se constituir como mecanismo de captura de valores coletivos da cidade. Nesta pesquisa faremos uma aproximação das tramas de transferências de imóveis da cidade de Salvador, através do estudo das transações de compra e venda realizadas a partir de 2000, em cinco dos seus bairros ou localidades, quais sejam, Avenida Antônio Carlos Magalhães, Pituba, Caminho das Árvores, Itaigara e Rio Vermelho.
Vazios Construídos: reciclagem de vazios construídos em áreas urbanas centrais. Uma tecnologia social aplicada ao caso de Salvador, Bahia
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior
Coordenação: Ana Maria Fernandes e Olivia Fernandes de Oliveira
Professores colaboradores: Ana Gabriela Soriano (UFBA), Sergio Kopinski Eckerman (UFBA), Nayara Cristina Rosa Amorim, Edson Fernandes d'Oliveira Santos Neto, Ceila Rosana Carneiro Cardoso, José Fernando Marinho Minho, Marcia Silva dos Reis , Mayara Araújo, Carolina Ferreira da Fonseca.
Resumo:
Este trabalho, coordenado pelas professoas Ana Fernandes (UFBA) e Olivia de Oliveira (EPFL), tem como objetivo a elaboração de uma tática de ocupação e reciclagem dos vazios construídos, a ser desenvolvida construindo uma conjunção entre a pesquisa e a produção de conhecimento, a interação ativa com os moradores e a problematização da temática cidade-moradia-patrimônio como instrumento de política urbana concebido para o pleno desenvolvimento social, cultural e ambiental das cidades. Ele visa aliar a pesquisa de cunho acadêmico com o desenvolvimento de tecnologia social voltada para a busca do equacionamento do quadro da dispersão urbana e da sub-utilização da infra-estrutura já disponibilizada. Abrange como estudo de caso, a requalificação da zona costeira fronstispícia à Baía de Todos os Santos na Cidade Baixa, antigo centro comercial, portuário e industrial de Salvador, um espaço urbano único que possui bens com grande significado simbólico não apenas para a população local, mas também regional, nacional e internacional. Reconhece a necessidade de redinamização socialmente justa da cidade e o direito de moradia no centro. A proposta pretende responder aos princípios definidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador: a função social da cidade; a função social da propriedade imobiliária urbana; o direito à cidade sustentável; a equidade social; a gestão democrática da cidade. Ela também responde às prioridades definidas no PDDU sobre o planejamento da política de habitação de interesse social, que busca reverter tendências indesejáveis de degradação de áreas consolidadas e infra-estruturadas bem como a ocupação dos vazios urbanos.
A Presença negra no centro antigo de salvador: saberes, fazeres e ofícios
Edital Permanecer/2019
Coordenação: Gabriela Leandro Pereira
Resumo:
A continuidade da pesquisa "A Presença negra no centro antigo de salvador: saberes, fazeres e ofícios" (PERMANECER 2017 e 2018) tem como questão construir uma reflexão acerca da historicidade da presença negra no Centro da cidade de Salvador, assim como a relação dessa presença com as práticas laborais aí desempenhadas. Seja em um recorte temporal mais alongado, que remonte ao período colonial, seja na contemporaneidade, o trabalho nas ruas do centro são balizados por um conjunto de elementos e dinâmicas que caracterizam esse território, e são racialmente implicadas. Ao descrever a dinâmica da cidade colonial, Graham afirma: “tudo que corre, grita, trabalha, tudo que transporta e carrega é negro” (2013: 39). O branco considerava o trabalho manual aviltante e, ao lado da exploração agrícola, o senhor teve de criar, entre a escravaria, um corpo de artífices para a satisfação das suas necessidades: pedreiros, carpinteiros, ferreiros, oleiros, seleiros, colchoeiros, sapateiros, mecânicos (CARNEIRO, 1964:64). O trabalho, ainda que forçado, foi o vínculo primeiro estabelecido entre os negros escravizados de África e o território hoje brasileiro. Foi a partir do labor que o negro se re-territorializou e ao mesmo tempo, foi construindo esse novo território de existência. Chama a atenção que mesmo diante de tantas alterações e modificações na dinâmica econômica, produtiva, política, tecnológica e também da própria expansão da cidade, sobrevivam ainda no centro resquícios de práticas laborais específicas, de domínio majoritariamente dos trabalhadores e trabalhadoras negras. Podemos associá-los a dois arquétipos, vinculados à dimensões de gênero: os artífices e as quituteiras. O passado de negros escravizados, livres e forros, conserva-se ainda no tempo presente, no cotidiano das quitandas, dos vendedores ambulantes, das baianas de acarajé, dos negros marujos ou mestres de embarcação, dos trabalhadores no transporte de pessoas e mercadorias, bem como nos ofícios de pedreiros, marceneiros, ferreiros, sapateiros, pescadores, barbeiros, etc.
Arquitetas e Arquitetos negros pelo mundo: mapeamento da presença negra no campo da arquitetura, urbanismo e planejamento urbano
Edital Sankofa PROAE UFBA
Coordenação: Gabriela Leandro Pereira
Integrantes: Bianca Ariele Goes Soares - graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFBA, Deborah Sales Gomes - graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFBA, Isaque Santos Pinheiro - graduando em Arquitetura e Urbanismo - UFBA, Natália Maria Costa Santos - graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFBA, Paula Milena Lima - graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFBA
Resumo:
O projeto "Arquitetas e arquitetos negros pelo mundo: Mapeamento da presença negra no campo da arquitetura, urbanismo e planejamento urbano" integra a pesquisa "Presença Negra no currículo do curso de Arquitetura e Urbanismo", realizado pela Linha de Pesquisa Presença Negra na produção da Cidade - Grupo de Pesquisa Lugar Comum/ PPGAU-FAUFBA. O intuito do projeto é viabilizar um banco de referências no qual possam estar representadas arquitetas e arquitetos negros de diferentes nacionalidades, locais de formação e atuação, que se destacam em diferentes áreas, com o intuito de contribuir para a construção de uma maior representatividade frente ao campo. Ao trazer para o visível arquitetas e arquitetos negros, comumente invisibilizados tanto pela bibliografia acadêmica, quanto pelas publicações comerciais, sobretudo no Brasil, espera-se colaborar principalmente na formação dos estudantes do curso de arquitetura e urbanismo. No que se refere ao Brasil, a pesquisa visa contar com a colaboração de estudantes e profissionais da área para a realização desse mapeamento, uma vez que aqui, a informação sobre etnia/raça de arquitetos e urbanistas é um dado inexistente, mesmo junto à Conselhos e Institutos que representam a classe. Quem tiver interesse em contribuir com informações sobre arquitetas e arquitetos negros brasileiros pode fazê-lo através do preenchimento e submissão do formulário disponível aqui. Abaixo segue uma amostra de algumas das arquitetas e arquitetos negros em processo de mapeamento pela pesquisa, que envolve também o levantamento de informações como local de nascimento, formação e atuação, dados biográficos, principais trabalhos desenvolvidos, etc.
Edital Sankofa PROAE UFBA 2017/2018
Coordenação: Gabriela Leandro Pereira
Integrantes: Profª Gabriela Leandro Pereira - Coordenadora/ Jailton Barbosa (graduando em Arquitetura e Urbanismo - UFBA)/ Paula Milena Lima (graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFBA)
Resumo:
A ausência das camadas populares e da população negra durante décadas no curso de arquitetura e urbanismo gerou como consequência não apenas a impossibilidade de promover a formação em um contexto de diversidade, mas também implicou na construção e manutenção de uma estrutura curricular extremamente descompassada, tanto em sua orientação político-pedagógica quanto na elaboração de repertórios, temas, assuntos e conteúdo, os quais estão ausentes, quase sempre, menções ou teorizações nas quais a dimensão racial seja incorporada. A inserção dos estudantes pela política de cotas em cursos até então elitizados, como é o caso, embora entendida como essencial, não tem sido suficiente para tensionar os modos de conhecimento, ou provocar a desconstrução de antigas epistemologias historicamente consolidadas. Para romper o modo como a política da dominação se reproduz no contexto educacional é preciso construir práticas pedagógicas que se dediquem à questionar parcialidades, reavaliar paradigmas e movimentar-se para além das dimensões definidas pelo modelo segregador de acesso ao universo acadêmico. Para que a educação se realize como prática da liberdade (HOOKS, 2013) é preciso de um comprometimento ético-político que possibilite novas experiências de aprendizagem. Isto posto, a pesquisa dedica-se a investigar alguns elementos balizadores da concepção do curso na FAUFBA, como currículo, ementas e planos de curso de disciplinas, com o intuito de mapear tanto a presença quanto a ausência das questões étnico-raciais nos documentos analisados.
Narrativas e cartografias da presença negra na cidade de Salvador nos séculos XIX e meados do XX
Edital PITIB-UFBA 2017/2018
Coordenação: Gabriela Leandro Pereira
Integrantes: Caroline Souza (graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFBA), Jairo Santos (graduando em Arquitetura e Urbanismo - UFBA), Sofia Costa (graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFBA)
Resumo
A pesquisa consiste em tomar como mote para investigação, o acolhimento de fontes que contribuam para trazer para o visível processos de produção da cidade, a partir de narrativas, sujeitos e territórios comumente marginalizados, invisibilizados ou subjugadas pela sua historiografia "oficial". Tendo a cidade de Salvador como território principal, a pesquisa desliza por entre narrativas que tiveram como ponto de partida para suas formulações, três momentos importantes tanto histórica, quanto simbólica e politicamente para a compreensão dos processos e dinâmicas urbanas que se acumulam ainda hoje: 1) a revolta dos malês (1835) que formulase ao mesmo tempo em que a cidade burguesa se expande no século XIX narrada no romance "Um defeito de cor", de Ana Maria Gonçalves (2006); 2) os arrabaldes da cidade e a presença dos terreiros no período do Estado Novo, narrado em "Cidade das Mulheres" por Ruth Landes (livro publicado em 1947 nos EUA a partir do diário de campo da pesquisadora escrito em 1938); 3) o início das invasões e ocupações urbanas organizadas por grupos e movimentos de moradia nos anos 1950, narrada no romance "O Corta Braço" de Ariovaldo Matos (1955) processo esse que se intensifica e multiplica na segunda metade do século XX. Conectam os três momentos para além do território comum: a cidade de Salvador os sujeitos envolvidos em sua trama: homens e mulheres descendentes de negros escravizados que após a abolição da escravatura (e mesmo antes) disputam sua existência na cidade. A escolha dessa abordagem se deu por entender que secularmente, se operam processos direcionados para a desconstrução de determinados sujeitos, da criminalização de suas vidas, de seus corpos, seus territórios, suas práticas e do apagamento dessa presença enquanto relevante para a compreensão da história urbana.
A Presença negra no centro antigo de salvador: saberes, fazeres e ofícios
Edital Permanecer - UFBA 2017/2018
Coordenação: Gabriela Leandro Pereira e André Araujo de Oliveira
Integrantes: Alana Karolyne Santos (graduanda do Bacharelado Interdisciplinar em artes - UFBA), Esaú Santos Muniz Júnior (graduando do curso de Direito - UFBA)
Resumo:
O centro antigo da cidade de Salvador, destaca-se historicamente pela presença negra em sua dinâmica cotidiana. É impossível entender o centro (e mesmo a presença nega nessa cidade) dissociado de determinadas práticas laborais exercidas nesse território, seja em um recorte temporal mais alongado, que remonte ao período colonial tanto do trabalho escravo quanto do trabalho livre , seja na contemporaneidade, quando o trabalho informal - e sobretudo o ambulante - compõe um conjunto de elementos e dinâmicas que caracterizam esse centro resignificado. Ao descrever a dinâmica da cidade colonial, Graham afirma: "tudo que corre, grita, trabalha, tudo que transporta e carrega é negro" (2013: 39). O branco considerava o trabalho manual aviltante e, ao lado da exploração agrícola, o senhor teve de criar, entre a escravaria, um corpo de artífices para a satisfação das suas necessidades: pedreiros, carpinteiros, ferreiros, oleiros, seleiros, colchoeiros, sapateiros, mecânicos (CARNEIRO, 1964:64). Foi a partir do labor que o negro se reterritorializou e ao mesmo tempo, foi construindo esse novo território de existência. Chama a atenção que mesmo diante de tantas ameaças, alterações e modificações na dinâmica econômica, produtiva, política, tecnológica e também da própria expansão da cidade, sobrevivam no centro antigo, ainda que precariamente, resquícios de tais práticas dominadas majoritariamente pelos trabalhadores negros, como é o caso dos Artífices da Ladeira da Conceição. Trazer para o visível essas presenças e práticas e tomás-la como protagonistas da investigação, passa por entender a urgência em se reconstruir epistemologicamente a academia e tensionar essa irresponsável minimização da relevância desses saberes, fazeres e ofícios nos estudos sobre a cidade - hegemonicamente traçados a partir da perspectiva colonial, atualizada pela elite econômica e política nos séculos XX e XXI. É urgente nos debruçarmos sobre a relevância da presença negra no território urbano e a impossibilidade de dissociá-la do processo de produção da cidade.
Um Sarau para Carolina
Coordenação: Gabriela Leandro Pereira
O Sarau para Carolina teve sua primeira edição em 2015, na Semana Transdisciplinar Experimental da FAUFBA. A proposta teve com intuito deslizar por entre a narrativa da escritora Carolina Maria de Jesus (1914 - 1977) e suas dobras, para tensionar os lugares de disputa, conflito e criação que atravessam e se (re)produzem na cidade. Carolina-mulher, escritora, negra, migrante, nômade, favelada, moradora da casa de alvenaria, dona de chácara, referência internacional. A escolha da escritora e suas narrativas como figura central do sarau, além de homenagem, se deu por entender que secularmente, se operam processos direcionados para a desconstrução de determinados sujeitos, da criminalização de suas vidas, de seus corpos e seus territórios. Em meio às perversas investidas direcionadas para a racialização da pobreza e da violência, esses processos se acumulam e se arrastam no tempo, trazendo para o presentes, não o eco distante de um passado de violações, mas vibrantes e violentas formas de exploração da vida no cotidiano. A forma encontrada por Carolina para escapar, foi o discurso. Através da publicação de fragmentos de seus diários (o primeiro deles intitulado “Quarto de Despejo”, lançado em 1960), a escritora provoca um deslocamento no enunciante e nos enunciados que dominam o urbano nas narrativas literárias brasileiras. Uma narradora imprevista, de um lugar improvável, cujo discurso soa estranho, disputa a narrativa da cidade. Em suas “escrevivências”, a cidade é rasurada, trazendo para o visível não só o território da favela, mas a sua desconcertante presença que se atualiza nos dias atuais.
A segunda versão do Sarau para Carolina, aconteceu em maio de 2017, na Semana de recepção de calouros, da UFBA, promovida pelo DEA.
Reforma Urbana no Brasil nos Anos 1960
Coordenação: Ana Fernandes
Resumo:
Busca compreender a elaboração, difusão e bloqueio da ideia de reforma urbana no Brasil da década de 1960, através da problematização do conceito de campo reformador e de sua empiricização em agentes, instituições, movimentos, partidos, profissões e indivíduos, colocando-os em diálogo com outras experiências reformistas no âmbito internacional.
Patrimônio urbano e metrópole contemporânea: novos desafios, novas questões
Projeto aprovado no âmbito do programa CAPES-COFECUB
Coordenação: Márcia Genésia Sant'Anna
Integrantes: Ana Maria Fernandes, Rosa Ribeiro, Jocelyne Dubois Maury, Luiz Antonio Fernandes Cardoso, Laurent Coudroy de Lille, Nivaldo Andrade, Glória Cecília dos Santos Figueiredo, Mauricio Chagas, Daniel Caribé, Florine Ballif, Frank Dorso, Jean-François Doulet.
Resumo:
Projeto de formação, de pesquisa e de intercâmbio no campo dos processos contemporâneos de (re)invenção do patrimônio urbano, que busca avaliar e comparar políticas e experiências no campo da preservação, com foco nas áreas centrais de grandes cidades francesas e brasileiras.
Urbanismo e Desenvolvimento. A experiência baiana na República Nova (1930-1937) e no Estado Novo (1937-1945)
Coordenação: Ana Fernandes
Integrante: Eduardo Teixeira
Resumo:
O presente projeto busca compreender a constituição do urbanismo enquanto política de Estado no período entre 1930 e 1945, a ser trabalhado através da abordagem da experiência desenvolvida no período no estado da Bahia, enquanto espaço de confluência e reinterpretação da política nacionalmente concebida, da reelaboração da esfera pública e da consolidação de uma estrutura profissional partícipe e potencialmente transformadora das cidades do período. O projeto conta com apoio do CNPq, através da concessão de bolsa de produtividade e de 01 bolsa de iniciação científica..
Mário Leal Ferreira e o Urbanismo na Bahia: Ciência, Internacionalismo e Natureza
Coordenação: Ana Fernandes
Resumo:
Entre 1943 e 1947, Salvador conheceu um momento ímpar de sua história urbanística: nesses anos, foi implementado o EPUCS, Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade do Salvador, até hoje lembrado como a mais importante experiência de planejamento urbano soteropolitano do século XX, em termos de sua abrangência e das teorias, concepções e desenho de cidade ali desenvolvidos. Capitaneado pelo engenheiro Mário Leite Leal Ferreira (1895-1947), o EPUCS congrega uma equipe multidisciplinar, arquitetos, advogados, historiadores, geógrafos, topógrafos, médicos e biólogos, e trabalha a partir de uma tradição de pensamento sobre a cidade baseada nas teorias do biólogo e urbanista escocês Patrick Geddes, autor do clássico Cities in Evolution, publicado em 1915. Três aspectos, a multidisciplinaridade da equipe, a concepção teórica geddesiana e a sensível adesão à topografia da cidade, são marcas distintivas do EPUCS no cenário dos diversos planos implementados em várias capitais brasileiras no mesmo período. A documentação relativa a esse período florescente do urbanismo na Bahia quase se perdeu integralmente, por desprezo de algumas administrações municipais. O projeto tem como objetivo central então disponibilizar para consulta o acervo documental do EPUCS, bem como analisar e resgatar, em termos documentais, analíticos e didáticos a experiência implementada pelo Escritório.